Prefeito de Cuiabá deve anunciar novo decreto de calamidade financeira
Após dez meses, o prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini, deve anunciar um novo decreto de calamidade financeira devido a um déficit projetado de R$ 364 milhões.

Após dez meses à frente da Prefeitura de Cuiabá, o prefeito Abílio Brunini, do PL, deve anunciar um novo decreto de calamidade financeira no município. Este será o segundo decreto desde o início de sua gestão, que começou em janeiro de 2025, quando um primeiro decreto foi emitido devido a dívidas herdadas da administração anterior de Emanuel Pinheiro, do MDB.
A calamidade financeira é uma medida que reconhece a incapacidade do governo municipal de cumprir com suas obrigações essenciais. Esta declaração permite a flexibilização de regras fiscais, limites de gastos e endividamento, com a intenção de reequilibrar as contas e assegurar a prestação de serviços essenciais.
Na ocasião anterior, Brunini estabeleceu um período de 180 dias de calamidade financeira, durante o qual determinou uma redução de 40% nas despesas e a revisão de contratos e licitações. Entretanto, essas ações não foram suficientes para conter a crise, que agora projeta um déficit de até R$ 364 milhões para 2025, sendo R$ 120 milhões apenas na área da saúde.
Em 1º de outubro, o prefeito também anunciou um 'alerta financeiro preventivo', uma medida que não altera as regras orçamentárias, mas serve como um alerta oficial de que o município pode enfrentar dificuldades para honrar compromissos financeiros até o fim do ano.
Durante uma coletiva de imprensa realizada no dia seguinte ao anúncio do alerta financeiro, Brunini reconheceu a fragilidade das contas e não descartou a possibilidade de um novo decreto de calamidade. Ele afirmou: 'Não está descartado. Estamos fazendo contenção de despesas e tentando buscar encaixar dentro do nosso orçamento aquilo que for possível. Sabidamente não vai fechar no ‘zero a zero’ no final do ano, mas a saúde é minha prioridade.'
Além disso, o prefeito declarou 'situação de emergência' para a realização de obras emergenciais, como os reparos na ponte sobre o Córrego do Moinho, no bairro Jardim Imperial. Esta medida permite a contratação de bens e serviços sem a necessidade de licitação.
Durante sua campanha e nos primeiros meses de mandato, Brunini se destacou por um discurso confrontador em relação ao governo federal sob a liderança de Lula, afirmando que 'Cuiabá não precisa do dinheiro do governo Lula'. Esse posicionamento visava transmitir uma imagem de autossuficiência e alinhamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro. No entanto, sua retórica gerou críticas de opositores e especialistas quanto à importância da colaboração entre os níveis de governo.
Agora, diante da crise financeira e do risco de colapso, o prefeito se vê dependente de ações que possibilitam o acesso a recursos federais, os quais antes rejeitava durante seu discurso de independência. Esse cenário tem gerado críticas nas redes sociais, onde Brunini se tornou alvo de reprovações por estar em uma posição que o torna potencial beneficiário das políticas do governo federal que antes contestava.